A mim, na minha mão, como o pássaro pousa
inocente e sem medo, amor pousou de leve
sendo que vinha saltitando em espasmos lentos
de que se acrescentava a cada passo em carne.
Mas veio e se pousou malicioso e tenso,
tão desbragado e audaz no se entregar a mim
que a minha mão estendida ansiosa estremecia
de ver como sorria aquele amor em voo.
Pousou assim de leve em minha mão aberta,
um pássaro tranquilo a mim se dando inteiro.
Um instante apenas foi. Silente não falou,
e logo se acabou deixando só as lembranças.
Que triste este viver de só falar mais tarde !
Jorge de Sena
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