Amei-te muito, e eu creio que me quiseste
também por um instante nesse dia
em que tão docemente me disseste
que amavas ‘ma mulher que o não sabia.
Amei-te muito, muito! Tão risonho
aquele dia foi, aquela tarde!…
E morreu como morre todo o sonho
deixando atrás de si só a saudade! …
E na taça do amor, a ambrosia
da quimera bebi aquele dia
a tragos bons, profundos, a cantar…
O meu sonho morreu… Que desgraçada!
E como o rei de Thule da balada
deitei também a minha taça ao mar …
Florbela Espanca – Trocando olhares – 08/08/1916