Os meus passos


Os meus passos de criança não deixavam pegadas,

a tua mão de areia e de espuma

atraía-me para o teu seio

e eu partia, numa braçada confiante

em direcção ao azul dos gritos das gaivotas,

esse azul reluzente ao nível dos olhos

que me chamam sempre mais longe

em busca da vaga que seria enfim minha.

Hoje olho-te, mar,

e lembro-me das lágrimas vertidas,

do sal amargo do regresso,

da tua cor cambiante

que me traz o esquecimento

e eu permaneço lá, apaziguada e feliz,

a olhar a maré do presente

que já não é para mim o chamamento

da tua mortal imensidão.

mar bravo

Isabel  Meyrelles

Uma resposta

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