ninguém entra no meu poema
.
mandei erguer um oceano em redor
sebes de prata ondulante
pago a facas de espuma o mester de guardiãs
.
ninguém entra no meu poema
.
palavras-cativas capazes de matar por mim
rosnam às perguntas
à imprecisa inútil adrenalina que as cavalga
ladram à dissecação do acaso
e das asas breves
na voragem das efémeras
.
ninguém entra no meu poema
.
daquilo que escrevo
daquilo que escravo
tão-pouco consigo eu sair
.
Renato Filipe Cardoso