Não desejei senão estar ao sol e à chuva –
ao sol quando havia sol
e à chuva quando estava chovendo
( e nunca a outra coisa ),
sentir calor e frio e vento,
e não ir mais longe.
Uma vez amei, julguei que me amariam,
mas não fui amado.
Não fui amado pela única grande razão –
porque não tinha que ser.
Consolei-me voltando ao sol e à chuva.
E sentando-me outra vez à porta de casa.
Os campos, afinal, não são tão verdes para os que são amados
como para os que não são,
sentir é estar distraído.
Alberto Caeiro